Bruno César Malagoli foi campeão Sul Americano em 2003, Bi Campeão Paulista (2002/2003) e Bi Campeão Brasileiro (2002/2003), títulos conquistados na Classe Junior (Sub 20) da Categoria Meio Pesado.
O primeiro Campeão Sul-americano rio-pretense conta um pouco de seu segredo e a construção de sua linha de racionalizar o Judô. Dedicação, técnica, força e uma programação mental que o levou a conquistar o topo do podio.
O primeiro Campeão Sul-americano rio-pretense conta um pouco de seu segredo e a construção de sua linha de racionalizar o Judô. Dedicação, técnica, força e uma programação mental que o levou a conquistar o topo do podio.
A GRANDE SACADA
Tomo a liberdade de passar aos amigos de treino, algumas curiosidades e fatos interessantes que me ocorreram durante estes cinco anos de judô, é apenas um longo dialogo com meu Pai (Marco Malagoli), que consiste em perguntas e respostas, que muito contribuiram para a conquista dos títulos.
Ao longo deste período eu acostumava sentar-me com ele na SACADA do prédio, após os treinos, e ficávamos horas conversando sobre as técnicas do judô, mas o que ele não sabia é que após os diálogos eu anotava todos diálogos com meu pai, como se fosse meu diário.
Ao longo deste período eu acostumava sentar-me com ele na SACADA do prédio, após os treinos, e ficávamos horas conversando sobre as técnicas do judô, mas o que ele não sabia é que após os diálogos eu anotava todos diálogos com meu pai, como se fosse meu diário.
Vou relatar a todos estes diálogos, talvez alguns amigos possam tirar algum proveito.
Todos sabem que meu pai não entende muita coisa de judô, mas é amante de filosofia e esoterismo estuda o assunto a mais de 30 anos, gosta de estratégias e posturas bem definidas antes das execuções, e cada detalhe é muito importante para o êxito.
Analisava minuciosamente cada ponto da conversa e procurava realizar e praticar. Tudo começou quando eu contei para ele a origem e criação do judô por Jigoro Kano, dizia a lenda que através da meditação o criador do judô observava as neves caindo nas árvores e juntando-se nas folhas, os galhos teimavam em resistir ao peso e quebravam, isto não acontecia com o bambu, ele não resistia, apenas envergavam, então a neve caia e o galho voltava ao normal. Baseado nesta filosofia que foi fundado o Judô.
DIÁLOGO - INÍCIO 1999
BRUNO: Pai toda ação gera uma?
MARCO: Reação é claro.
BRUNO: É, mas no judô, não é bem assim.
MARCO: Então como é?
BRUNO: É a maior eficiência com o menor esforço, você utiliza a força do oponente contra ele mesmo, não resista a força contraria, apenas utiliza ela a seu favor.
MARCO: Muito interessante, então foi criado com base na defesa e não no ataque?
BRUNO: Certamente, mas quando foi criado não existia essas competições atuais. Todos sabem que meu pai não entende muita coisa de judô, mas é amante de filosofia e esoterismo estuda o assunto a mais de 30 anos, gosta de estratégias e posturas bem definidas antes das execuções, e cada detalhe é muito importante para o êxito.
Analisava minuciosamente cada ponto da conversa e procurava realizar e praticar. Tudo começou quando eu contei para ele a origem e criação do judô por Jigoro Kano, dizia a lenda que através da meditação o criador do judô observava as neves caindo nas árvores e juntando-se nas folhas, os galhos teimavam em resistir ao peso e quebravam, isto não acontecia com o bambu, ele não resistia, apenas envergavam, então a neve caia e o galho voltava ao normal. Baseado nesta filosofia que foi fundado o Judô.
DIÁLOGO - INÍCIO 1999
BRUNO: Pai toda ação gera uma?
MARCO: Reação é claro.
BRUNO: É, mas no judô, não é bem assim.
MARCO: Então como é?
BRUNO: É a maior eficiência com o menor esforço, você utiliza a força do oponente contra ele mesmo, não resista a força contraria, apenas utiliza ela a seu favor.
MARCO: Muito interessante, então foi criado com base na defesa e não no ataque?
MARCO: E o que isto importa?
BRUNO: Muito, existem as pontuações,se não houver ataque você é penalizado.
MARCO: Mas isto não pode ser usado para transgredir a natureza.
BRUNO: Mas que natureza, do que você está falando?
MARCO: Veja bem: só os sábios meditam, e só os que meditam alcança o êxito, porque buscam a receita no fundo do próprio Eu, que é soberano.
BRUNO: Que papo é este, o que isto tem haver com ataque e defesa de competição de judô.
MARCO: O sábio homem Jigoro Kano, buscou no seu íntimo, através de meditação. uma receita para uma arte marcial.
BRUNO: Você está dizendo que pessoas que meditam alcançam frequência elevada e chegam em receitas imbatíveis?
MARCO: Justamente, estamos falando a mesma língua.
BRUNO: Vamos ver se eu entendi direito, você quer dizer que a receita de não reagir a ação não pode ser transgredida mesmo em competições?
MARCO: Exatamente, o segredo do judô fatalmente deve estar ai, eu nunca vi uma luta de judô ao vivo nem sei com é, mas o que posso te falar é que a frequência da pessoa que medita alcança uma energia universal superior, e a ideia inicial torna-se soberana. Exemplo: A criação do telefone, foi a muito tempo atrás, hoje existe telefones sem fio, celular etc., mas a natureza dele é falar uns com os outros, tira este atributo dele, ele deixa de ser telefone.
BRUNO: Mas como vou fazer uma coisa desta? Se eu não atacar vou perder as lutas.
MARCO: A receita não é esta, e sim não reagir a ação, não é?
BRUNO: Sim mas se eu esperar a ação eu não vou atacar.
MARCO: A chave esta na não reação, e não no ataque, você pode atacar o tempo todo mas não reaja ao ataque do adversário.
BRUNO: Mas se eu atacar, significa que eu vou ter a ação, e se o adversário usar contra mim a minha própria ação, eu perco?
MARCO: Pelo menos foi o que entendi da origem.
BRUNO: Então, é como eu falei, não pode atacar.
MARCO: Depende do ataque.
BRUNO: Porque, deve ter ataque indefensável?
MARCO: Fatalmente, você deve descobrir, pelo que entendi este ataque não pode utilizar a força e também não pode ter contra ataque.
BRUNO: Então devo achar um golpe deste?
MARCO: Eu não entendo ainda de judô, mas não somente um golpe e sim um conjunto de coisas.
BRUNO: O que você quer dizer por um conjunto de coisas?
MARCO: Definir o que vai fazer, estratégia, padronizar o estilo etc., o lutador de boxe George Foremam , tinha um estilo de luta, preparava o seu direto de direita com um jab de esquerda, todas as lutas, todo mundo sabia, mas não adiantava, todos caiam e ele foi Bi-campeão Mundial com 45 anos.
BRUNO: Realmente, eu entro no tatame em competições e não sei o que fazer , parece um judô “qualquer coisa” .
MARCO: Se você não preparar um estilo jamais você será campeão.
BRUNO: Então o estilo é muito importante assim?
MARCO: Não tenha dúvida, você falou do campeão Olímpico Rogério Sampaio, que tinha um estilo de luta com um golpe só e muitas variações.
BRUNO: É, este golpe ele praticava mais de mil vezes num tronco de madeira.
MARCO: Era um comando para o inconsciente.
BRUNO: O quê? As repetições dos golpes?
MARCO: É, muita repetição, o consciente através da prática, manda para o inconsciente, que registra tudo, depois fica automático.
BRUNO: Você quer dizer que as repetições de entrada de golpes é mais psicológica do que física?
MARCO: Eu acho que é mais psíquico do que físico, pode ter certeza, você pode utilizar o inconsciente não só para entrada de golpes, mas para tudo que você quiser.
BRUNO: Como um comando interno?
MARCO: Isto mesmo, forma pensamento, é uma arma indestrutível, as pessoas de pensamentos firmes, determinados, criam subsídios em torno de seu objetivo que páira no ar e irradia além do seu corpo, fica fácil alcançar a meta.
BRUNO: Como poderia usar isto no judô?
MARCO: Várias formas, mas só para competições é claro.
BRUNO: Sim, lógico.
MARCO: Veja bem: Primeiro tem que haver objetivos metas bem definidas e cada detalhe é muito importante, mas primeiro você tem que definir seu estilo, estratégias e quando você estiver seguro nós conversamos sobre isto.
BRUNO: E como define um estilo?
MARCO: Isso não é fácil, não dá para ser ensinado, vem automaticamente, mas observa os adversários vitoriosos certamente tem estilo.
BRUNO: Dá uma dica.
MARCO: É a facilidade pessoal de adaptação a um padrão. Para esclarecer melhor eu teria que praticar Judô, mas tenho certeza que seu professor cuidará disto.
DIÁLOGO - INÍCIO 2000
BRUNO: Você reparou no treino hoje? O Léo, para dar o golpe Yoko Tomoe Nage, ele faz o adversário se movimentar e dá dois pulinhos e aplica o golpe, isto é estilo?
MARCO: Eu acho que isto é uma adaptação a um golpe.
BRUNO: Fica difícil a definição de estilo então? O Léo falou que cada um cria por si só de acordo com suas facilidades.
MARCO: É, ele tem razão, mas começa a observar seu melhor jeito de pegada, sua melhor forma de ataque e defesa, e o jeito melhor de conduzir o adversário para dar seu golpe, são fatores que criam um estilo.
BRUNO: O golpe que tenho facilidade para aplicar é o Eri ajoelhado, justamente porque não tem contra golpe, e não faço força para dar (lembrando do ataque sem usar a força).
MARCO: É isto ai, já começou a criar o estilo.
BRUNO: O interessante é que alguns amigos de treino não se preocupam com estilo, golpes, objetivos etc.
MARCO: Os títulos de Judô obviamente não vão se preocupar com eles.
BRUNO: Por causa do que, estilo, golpes, ou objetivos?
MARCO: Claro que é o objetivo. Tudo tem que ter objetivo, é assim nas empresas na profissão na vida etc.
BRUNO: Mas qual tem que ter em primeiro lugar, Estilo ou Objetivo?
MARCO: Estilo depois os objetivos, criar primeiro o estilo depois vamos objetivar o que interessa.
BRUNO: Mas quando vou utilizar aquele comando interno do inconsciente, no estilo ou no objetivo?
MARCO: No objetivo, porque o estilo, golpes, técnicas você está aprendendo muito bem com o Léo e treinando com o Tadaiti.
BRUNO: Será que demora?
MARCO: Veja bem , você deve observar muito bem o ensinamento do Léo e tirar muito proveito do treino com o Tadaiti, enquanto todos tem medo de treinar com ele, você tira proveito disto porque ele só vai treinar com você o tempo todo, e nas competições você deixa aqueles que gostam de passear fora do ginásio e preste atenção nas lutas e observe seus adversários.
DIÁLOGO - INÍCIO 2001
BRUNO: Por um erro meu, não fui para Recife.
MARCO: O importante é que você deu show em Araraquara, ninguém esperava que um meio pesado aplicasse um Eri com tamanha eficiência, vários professores deram os parabéns para o Sensei Léo, o importante é que o estilo esta sendo formado.
BRUNO: Agora eu estou mais seguro já sei o que fazer no tatame.
MARCO: Realmente a eficiência no golpe é assustador.
BRUNO: O adversário que eu perdi em Araraquara, falou que se eu tivesse um pouco mais de explosão no meu Eri, o golpe seria imbatível.
MARCO: Ótimo fala para o Léo como vamos conseguir isto
BRUNO: Ele falou que era para treinar com peso no Ricardi, já passou os exercício para um tal de Rogério.
MARCO: Ótimo faça a inscrição.
DIÁLOGO - INÍCIO 2002
MARCO: Agora você já tem estilo, técnica e força, mas pouca experiência, e isto não quer dizer nada.
BRUNO: Experiência não quer dizer nada?
MARCO: A Ponte Preta de Campinas tem muita experiência, foi fundada em 1900 até hoje nunca ganhou um título. Pense num faixa marrom qualquer de nossa academia?
BRUNO: Sei e daí?
MARCO: Ele tem muito tempo de Judô?
BRUNO: Sim.
MARCO: Quantos títulos importante ele tem?
BRUNO: Nenhum, mas se a experiência não vale muito, o que vale então?
MARCO: A Mente, o fator Psicológico.
BRUNO: Você quer que eu procure um psicólogo?
MARCO: Não, eu não sou Psicólogo nem entendo muito de judô, mas tenho um conhecimento esotérico e místico que encaixa em qualquer esporte e ocasiões da vida.
BRUNO: Mas como vou usar?
MARCO: A mente tem um poder antagônico de criar e destruir, quem dominar um pouco tem a chave.
BRUNO: O que tenho de fazer então?
MARCO: Exercícios mentais, nós somos o que pensamos, a forma que crio em minha mente manifesta no dia a dia em mim mesmo.
BRUNO: Como devo exercitar?
MARCO: Através de repetições de pensamentos, isto cria um comando interno no subconsciente e vai impulsionar para a execução do que foi criado, mas deve ser repetido milhares de vezes como um mantra, praticamente todas as horas e todos os dias como um encantamento.
BRUNO: E funciona?
MARCO: Quando você acorda, logo vai escovar os dentes, isto não é só por higiene, é mais condicionamento do subconsciente, através das várias repetições diárias. Você faz várias vezes o mesmo caminho todos os dias, isto cria um condicionamento mental que você faz automaticamente.
BRUNO: Como seria os meus pensamentos?
MARCO: Depende do seu Objetivo.
BRUNO: É ser Campeão Paulista.
MARCO: Então este vai ser o seu pensamento.
BRUNO: Repetir esta frase sempre?
MARCO: A Cada segundo da vida, isto cria um poder tamanho em volta de você que ninguém imagina, e ligado a isto tem a forma pensamento.
BRUNO: O que venha a ser forma pensamento?
MARCO: É criar forma para o seu pensamento, imaginar você subindo no pódio, a menina colocando a medalha de ouro no seu peito, os amigos abraçando, você dando entrevistas nos jornais e televisões etc., isso tudo vai provocar a situação pela qual você pensou.
BRUNO: Só estes exercícios?
MARCO: Não, tem mais, o de concentração utilizando a respiração, na entrada de ar do pulmão, imagina que está entrando a coragem, força, determinação e na saída de ar do pulmão, imagina que está indo embora o medo as dúvidas e as fraquezas.
BRUNO: Esse exercício também faz todas as horas?
MARCO: A forma pensamento, as repetições e os mantras, faz todas as horas, já o de concentração e respiração, pode ser na hora de deitar, e ainda tem mais!
BRUNO: Mais ainda?
MARCO: O medo é um dos mais perversos sentimentos do homem , provoque medo nos adversários, crie este pensamento com você também, repita várias vezes, “meus adversários tem medo de mim”, mas não estranhe que os amigos de treino infelizmente vão sentir também.
BRUNO: Pode acontecer isto?
MARCO: Claro, se você fizer tudo nos mínimos detalhes, e sei que você vai fazer, porque conheço e sei que você é determinado, teremos um verdadeiro campeão.
BRUNO: Você coloca o fator emocional como 70%?
MARCO: É isso ai, veja bem: neste campeonato que você objetivou, seu adversário tem que ter preparo físico, emocional, técnico e força para vencer você, caso você faça o que foi determinado.
BRUNO: Vou começar já.
MARCO: Pode utilizar, não só para o judô, mas para tudo na vida.
COMENTÁRIO – 2003
O fato é que eu absorvi tanto esta filosofia, que repetia os pensamentos e frases mentalmente, diariamente, na escola, nas ruas, de dia e de noite, no banheiro, sala, cozinha etc., impregnou tanto na minha mente que sem querer vinha automaticamente, conversava com as pessoas e os pensamentos me acompanhavam, a coisa foi tão séria que desisti do curso da faculdade em 2002, mas isto não me prejudicou, não gostava do curso mesmo, mas a conversa na sacada do prédio foi realmente A GRANDE SACADA.
O resultado apareceu, eu entrava no ginásio de competições e notava tudo, parecia que eu já conhecia o filme, uma certa segurança tomava conta de mim, realmente eu percebia o medo nos adversários e o titulo Paulista veio, tudo conforme tinha programado mentalmente, a receita realmente é está, mas precisa de um conjunto de detalhes, não é só aplicar um pensamento e ficar repetindo como um “bobo”, se fosse assim qualquer “tonto” seria campeão, no meu caso eu precisava de um ingrediente a mais, tinha pouco tempo de judô e buscamos o nosso segredo na origem e filosofia, observamos como foi criado o judô qual foi a filosofia que deu origem, coloquei ao meu estilo (a maior eficiência com menor esforço) venci dois adversário no melhor estilo, em 30 segundos cada; motivo: golpe eficiente.
Prepare sua defesa isto é fundamental, foram 8 lutas nos dois títulos estaduais, mais de 60% das lutas foram contra golpes, utilizando a força do oponente.
Prepare seu golpe de ataque, verifique se é difícil o contra golpe, no meu caso o Eri ajoelhado é praticamente impossível o contra golpe.
Tudo isto deve ser estudado, elaborado e projetado antes.
Você pode me perguntar será que todos que foram campeões tem esta mesma filosofia?
Pode não ter desta forma, mas inconscientemente tem, e isso já é suficiente, qualquer campeão tem estilo, objetivo, pensamentos firmes etc.
Meu pai teve uma participação muito importante, mas tudo que aprendi no judô até hoje, técnica, eficiência e estilo, eu devo ao meu professor Léo Mansor, é claro que o carinho e o calor humano que todos os meus companheiro de treino passa para mim, é muito gratificante.
Bruno Cesar Malagoli - Campeão Sul-americano Júnior 2003
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